O Talibã entrou em Cabul. Helicópteros fazem ponte entre a embaixada americana e o aeroporto, guardado por tropas afegãs. Levam embora diplomatas e espiões. Fumaça preta indica que eles queimaram os documentos secretos que ainda restavam. Os guerrilheiros receberam ordens de não recorrer à violência e de deixar livre a passagem aos que quiserem fugir da capital. A ofensiva foi muito rápida, tanto que se especula que não poderia ocorrer sem algum apoio logístico da Rússia, China, Irã e Catar, para onde o Talibã enviou delegações quando a retirada americana teve início.

O presidente Biden está sob saraivada de críticas. As previsões dele sobre o Afeganistão se revelaram totalmente erradas. E o abandono em que deixou o governo afegão levanta dúvidas sobre a palavra dos Estados Unidos em acordos internacionais. Vinte anos de guerra, mais de 20 mil feridos e 2.300 mortos, e para quê? Que o respondam os veteranos sobreviventes que arriscaram suas vidas. Retirar-se às pressas, sem plano e sem deixar tropas locais treinadas e armadas. Como disse o New York Times deste domingo: “Queda livre no Afeganistão”. Até a célebre base aérea de Bagram já foi conquistada pelo Talibã.

O general Doug Lute, que comandou a estratégia no Afeganistão para os presidentes George W. Bush e Barack Obama, disse ao N.Y.Times que o espanta “é a falta de plano B: se todos sabiam que ao EUA ia se retirar, por que não planejaram a saída?” (capas via kiosko.net)