Esporte
27.09.2021
Foi um show das meninas

Quem assistiu à final do Brasileirão feminino, esse domingo, entre Corinthians e Palmeiras e gosta do futebol, com certeza, saiu satisfeito com o que viu.
Há muito não vejo um jogo de futebol tão bem disputado, em tão alto nível técnico e de respeito dentro de campo.
Transcorrido poucos minutos de futebol, minha caríssima metade que há mais de meio século me acompanha na vida e nos jogos de futebol, fez observação apurada e inteligente.
– Parece que no futebol das meninas a bola corre mais.
Não é que parece: é a pura verdade.
As meninas se preocupam em jogar futebol. O número de faltas foi mínimo.
Quando uma delas cai, levanta-se imediatamente e segue o jogo.
No jogo dos marmanjos, quando um cai, sai rolando como se estivesse pirambeira a baixo. Ou então, já cai com a mão levantada, se esgoelando e gritando como se estivesse afogando.
O jogo de ontem, tenso porque decisivo, não se viu em momento algum uma jogadora encarando a outra, como se vê no jogo dos marmanjos, nem a pressão constante em cima da arbitragem.
Foi um jogo limpo. Parecia futebol europeu.
Aliás, reparei também que a maioria das jogadoras têm o cabelo natural.
Acredito que elas gastem bem menos tempo no salão que os rapazes com seus cortes de cabelos personalizados em estilos e cores os mais diversos e bizarros.
Tenho certeza absoluta de que o Gabigol leva mais tempo fazendo as sobrancelhas do que a Vic que fez aquele golaço de bicicleta.
Tecnicamente, o Corinthians sobrou em campo dando um passeio no adversário.
Os 3 a 1 ficaram de bom tamanho para o Verdão que já havia vencido o primeiro jogo e precisava apenas do empate para ser campeão brasileiro pela terceira vez.
Essa superioridade é o resultado prático do trabalho que é desenvolvido pelo Corinthians há tempo.
E um trabalho que tem continuidade garantida, pois as equipes do sub 18 e sub 17 estão também na disputa do título do brasileirão de sua categoria.
Já o Palmeiras conseguiu a façanha de chegar à final com apenas um ano de trabalho sério. Também tem futuro.
Aquele preconceito que o futebol feminino era apenas para as sapatas já não tem mais lugar.
As meninas são meninas e muito boas de bola.
O gol da Vic, de bicicleta, foi um primor. Assim como foi um golaço também o que marcou Camilinha para o Verdão: um chute indefensável.
Agora, a CBF precisa rever sua premiação para mais incentivar o futebol feminino.
Pelo título, o Corinthians recebeu R$ 290 mil. O vice, Palmeiras, ficou com 190 mil.
Muito, muito pouco se comparado com os R$ 33 milhões que o campeão brasileiro masculino ganhará este ano.