Economia

06.10.2021

“CAPITAL FLIGHT”. SERIA A MAIOR EMPRESA AÉREA DO MUNDO.

>>> MR

Houve um tempo em que os milionários brasileiros guardavam seus tesouros no paraíso fiscal das Ilhas Cayman, no Caribe. Como eram muitos, um banqueiro suíço sugeriu criar uma linha aérea direta com o Brasil, batizada de “Capital Flight”.
Estive lá, em 1991. Os brasileiros não eram presenciais. Transferiam dinheiro através de outros bancos nos EUA, na Argentina, no Uruguai, na Suíça. Um gerente do Banco Econômico em Cayman me recebeu contando: “Você é o primeiro brasileiro que aparece aqui em um ano e meio”.
Era tudo feito à distância por fax, ou telefonema.

Lembro-me das fotos da rainha Elizabeth e do príncipe Philip na alfândega do aeroporto internacional Owen Roberts, em George Town, a capital da Grand Cayman. As ilhas passaram da Espanha para a Inglaterra com o Tratado de Madri, em 1670. Os caimaneiros nunca quiseram a independência. Foram administrados pela Jamaica por quase cem anos, desde 1863. Optaram por manter a tutela direta da Coroa Inglesa quando os jamaicanos proclamaram a independência, em 1962. Orgulhosos, dirigem os carros na contramão do Caribe, como se estivessem em Londres, mesmo com os volantes dos carros do lado esquerdo.

A isenção de impostos nas ilhas Cayman é lendária. Ela foi conquistada numa noite tempestuosa de novembro, em 1788, quando o primeiro de um comboio de dez navios mercantes bateu contra os recifes da Baía do Canhão. Todos naufragaram. Mas os bravos navegantes caimaneiros enfrentaram o mar para resgatar tripulantes e passageiros, entre eles até um membro da Família Real. O rei George III ficou tão grato que extinguiu os impostos e o serviço militar na colônia. Estava criado o paraíso fiscal, só completado, em 1976, com a adoção de uma legislação para garantir o total sigilo bancário.